3 anos atrás · Daniela Costa · 0 comentários
Depressão e Autocompaixão
A sensação é de não ter os pés no chão…
É como estar flutuando no vazio, distante de tudo e de todos.
É tão absurdamente difícil sentir, e também o é traduzir.
É sentir que um nada te habita, e que qualquer coisa que você faça não tem razão de ser.
É estar perdido em um espaço oco de sensações e de significados…
Se você entendeu perfeitamente o que eu tentei descrever, é porque também já sentiu.
Diante dessa avalanche de dor, eu ontem escolhi me abraçar.
Escolhi parar de lutar para ser produtiva, parar de me culpar por não enxergar saída.
Parar de me comparar.
Eu me deitei carinhosamente no sofá, no meio da tarde fria, e me abracei.
Me permiti apenas sentir os reflexos físicos daquela dor psíquica, sem me julgar:
Os olhos inchados depois do choro…
O corpo que queria apenas estar quieto…
Acarinhei meu corpo e minha alma, e falei comigo com a mesma gentileza que falaria a um amigo querido:
“Você tem todas as possibilidades em você. Você tem talentos. Você tem valor. Você tem princípios fortes e vive de acordo com eles.
Você apenas está doente, e precisa se dar o tempo de convalescer. Sua visão está turva agora, mas o sol vai sair e as cores voltarão.
Os sabores voltarão e seus olhos brilharão de novo, como reflexo do entusiasmo que lhe é genuíno.
Te acalma agora e permite cessar a guerra interna pelo desempenho, pela perfeição, pela busca das razões.”
Eu ontem me lancei o meu olhar mais compassivo e procurei me afastar do julgamento mais cruel – o do meu próprio juiz interno.
A depressão é uma doença. E se nós não nos culpamos por ter rinite, pedras nos rins ou diabetes, também não devemos nos julgar pela depressão.
Que você possa também se acolher e se abraçar, e se tratar com amor e com gentileza.
Daniela Silva Costa
Tags: autocompaixão, depressão Categorias: Autocompaixão, Autoconhecimento